Nesta semana conseguimos a aprovação legal de um projeto muito especial do nosso escritório que demos início em 2008, o Residencial Alameda.
Há nove anos atrás, quando o LCS Arquitetos ainda dava seus primeiros passos, recebemos a proposta de desenvolver, junto a arquiteta Patrícia Ferraz, um projeto de risco para um dos proprietários do terreno onde funcionava a célebre galeria Alameda Center, no bairro de Boa Viagem. Como estávamos às vésperas de uma alteração significativa nos parâmetros construtivos da nossa cidade, em virtude da aprovação de um novo Plano Diretor, a idéia do nosso cliente era ter um trunfo para negociar o terreno, junto ao projeto aprovado com os parâmetros mais atrativos da lei anterior. Mas nossa tarefa não foi nada fácil!
Por sua dimensão, com 26 mil metros quadrados de área construída, o projeto foi enquadrado como Empreendimento de Impacto e assim a nossa saga pela aprovação teve início. Passamos por COMAR, EMLURB, CPRH, CTTU, pela DIRCON da própria prefeitura e ainda fomos sabatinados por duas comissões urbanísticas, a CCU e o CDU. Então, depois de tantas idas e vindas, finalmente conseguimos a tão esperada aprovação.
O projeto consiste em um empreendimento de uso misto, localizado em uma “cabeça de quadra” definida pela Rua dos Navegantes, Rua Padre Carapuceiro e Avenida Conselheiro Aguiar, e conta com duas torres residenciais, sendo uma delas com quatro apartamentos por andar com áreas de 52,02m² e 59,90m², enquanto na outra torre estão dispostos dois apartamentos por andar com áreas de 111,29m². O projeto ainda contempla uma galeria comercial com 16 lojas voltadas para a rua Padre Carapuceiro e para a Avenida Conselheiro Aguiar, fazendo referência à antiga Alameda Center.
O partido adotado visou inclinar a posição das torres residenciais, em formato de “olho”, para voltar sua visada para a praia, através de um vazio definido por edificações vizinhas de baixa altura. Outro ponto de bastante relevância no desenvolvimento do projeto foi a estética do todo, já que a intenção era de fazer um edifício de uso misto com os usos inseridos em um todo harmônico, porém com uma separação funcional bem definida.
Assim, a galeria teve suas lojas voltadas para a Avenida Conselheiro Aguiar por uma razão comercial, visto que seu uso é mais compatível com tal avenida, caracterizada por diversos pontos comerciais nas proximidades; enquanto o uso residencial ficou com a entrada voltada para a Rua do Navegantes, onde predominam os usos de caráter residencial.
Para amenizar a massa do edifício em relação à escala do pedestre foram dispostos extensos gramados rodeando o terreno. Assim, na entrada do residencial foi inserido um grande gramado interno ao prédio, cuja visualização do pedestre está garantida por uma vedação através de gradis com permeabilidade visual; enquanto ao redor da galeria o gramado estende-se até a calçada, sem barreiras físicas, gerando um espaço mais agradável para caminhar no dia a dia.
Para gerar qualidade espacial nas circulações sociais entre as torres residenciais, foi previsto um grande vazio na laje do pavimento térreo caracterizado por um jardim localizado no pavimento semi-enterrado. Nele está prevista a plantação de diversos espécimes arbóreos com a intenção de gerar um espaço mais ventilado e iluminado para o pavimento semi-enterrado, como também gerar um espaço agradável ao usuário no pavimento térreo que fará contato visual com as copas das árvores plantadas no pavimento inferior.
Os pavimentos vazados do residencial foram pensados com muito cuidado no projeto e dispostos recuados em relação à rua, por trás das torres, com a intenção de evitar paredões na periferia do edifício, fugindo dos famosos “bandejões”.
Em sua estética geral o empreendimento gera dois sólidos arquitetônicos austeros e longilíneos que deverão se caracterizar como marcos para o bairro, enquanto os pavimentos inferiores são marcados por saques, reentrâncias e cortes gerando um edifício com caráter dinâmico, harmonioso, com espaços fluidos e de agradável visualização, inserindo-se de forma a agregar qualidades ao espaço urbano.
Com a missão cumprida depois desses nove anos, agora nos resta aguardar as negociações entre proprietários e construtora para finalmente ver de pé esse projeto tão especial!
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